Já disse
Leonardo da Vinci: “A lei suprema da arte é a representação do belo”. Talvez
baseado nesta frase a Editora na qual trabalho associa educação com arte.
Especificando...
Meu trabalho
consiste basicamente em pesquisar imagens para livros didáticos infantis, em
alguns momentos faço materiais para adolescentes, mas minha “prioridade” são os
pequeninos. Dentro desta atividade, solicito autorização para publicação de
obras de arte, fotos, textos... Não fugindo à rotina, esta semana fazendo um
livro voltado para educadores de bebês, entrei em contato com representantes de
alguns artistas entre eles Gustavo Rosa e Romero Britto. Como já sou acostumada
a trabalhar com o Rosa, resolvi priorizar a obra do Britto, pois já haviam me
dito que ele cobrava mais caro que o habitual, devida a popularidade mundial
que o trabalho dele tem.
Quando me
relataram que ele cobraria caro, pensei em valores variando entre mil e cinco
mil reais, nada muito além disto. Antes de ligar pra galeria aqui no Brasil (ele
tem galeria nos EUA também), resolvi xeretar a internet. Entre os sites
visitados, claro que entrei no facebook, lá encontrei várias fotos que
comprovam (nada que eu já não soubesse) a popularidade mundial do Romero Britto,
fotos com líderes mundiais e artistas de Hollywood.
Depois da
pesquisa, liguei para a galeria pra explicar o trabalho da Editora, o objetivo
do livro... Fazer um primeiro contato antes do envio de um email formal.
Conversa vai, conversa vem comentei que mandaria um email para iniciar as
negociações, pois existiriam valores a serem negociados, mal mencionei a
palavra “valores” a atendente informou-me um montante algo que soou cento e
qualquer coisa mil dólares, meio zonza, questionei sermos brasileiros e se
mesmo assim seria cobrado na moeda americana. A moça atenciosamente respondeu
que a negociação seria em real e que neste caso o valor inicial seria cento e
oitenta mil reais. SIM, a bagatela de cento e oitenta mil reais!!! Um pouco
assustada perguntei se este valor era também para livros didáticos e ela me
sugeriu enviar uma proposta.
A estas
alturas já estava muito indignada... Respeito e admiro o trabalho do Britto,
acho que ele atingiu o sucesso porque de fato é merecedor, mas aí querer cobrar
cento e oitenta mil reais para publicar uma obra em livro didático é um abuso.
O objetivo do material é associar educação básica com cultura. É incentivar as
crianças a admirar o belo, é mostrar ao educador como é fácil inserir obras de
arte, música (cultura) nas atividades do dia-a-dia escolar. Somente isso!
Britto e
Rosa, tem traços diferentes e talvez admiradores distintos, mas o trabalho
deste é tão belo quanto daquele e nem por isso, somos esfaquiados ao publicar
uma obra do Rosa. Inclusive podemos dizer que as crianças que estudam com nossos
livros saberão reconhecer Gustavo Rosa em galerias de arte, nas ruas ou
simplesmente em chinelos caso um dia ele vá para este rumo mercadológico. Já
Romero Britto, nossos pequenos só conhecerão quando tiverem noção do
consumismo, quando começarem a ter uma visão menos singela do mundo. Nunca
poderão dizer para os familiares que conhecem tal obra porque a professora
trabalhou em sala de aula ou porque viram em livros didáticos.
Prefiro
acreditar que Romero Britto não está acostumado a trabalhar com educação e por
isso a galeria cobrou o valor mencionado acima e que isso talvez um dia mude.
Esperaremos por mudanças e, continuaremos valorizando a arte
brasileira, tão diversa, bela e acessível com as obras de Gustavo
Rosa, Tarsila do Amaral, Heitor dos Prazeres, Tao Sindulga, Ivan Cruz, entre
tantos outros...
Nossos
pequenos merecem qualidade na educação, mas também merecem respeito!"
Melissa Bueno do Nascimento
Obra de arte: Gustavo Rosa
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