Flower

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15 de maio de 2012

E viva a arte na educação!



Já disse Leonardo da Vinci: “A lei suprema da arte é a representação do belo”. Talvez baseado nesta frase a Editora na qual trabalho associa educação com arte. 

Especificando...

Meu trabalho consiste basicamente em pesquisar imagens para livros didáticos infantis, em alguns momentos faço materiais para adolescentes, mas minha “prioridade” são os pequeninos. Dentro desta atividade, solicito autorização para publicação de obras de arte, fotos, textos... Não fugindo à rotina, esta semana fazendo um livro voltado para educadores de bebês, entrei em contato com representantes de alguns artistas entre eles Gustavo Rosa e Romero Britto. Como já sou acostumada a trabalhar com o Rosa, resolvi priorizar a obra do Britto, pois já haviam me dito que ele cobrava mais caro que o habitual, devida a popularidade mundial que o trabalho dele tem.
Quando me relataram que ele cobraria caro, pensei em valores variando entre mil e cinco mil reais, nada muito além disto. Antes de ligar pra galeria aqui no Brasil (ele tem galeria nos EUA também), resolvi xeretar a internet. Entre os sites visitados, claro que entrei no facebook, lá encontrei várias fotos que comprovam (nada que eu já não soubesse) a popularidade mundial do Romero Britto, fotos com líderes mundiais e artistas de Hollywood.
Depois da pesquisa, liguei para a galeria pra explicar o trabalho da Editora, o objetivo do livro... Fazer um primeiro contato antes do envio de um email formal. Conversa vai, conversa vem comentei que mandaria um email para iniciar as negociações, pois existiriam valores a serem negociados, mal mencionei a palavra “valores” a atendente informou-me um montante algo que soou cento e qualquer coisa mil dólares, meio zonza, questionei sermos brasileiros e se mesmo assim seria cobrado na moeda americana. A moça atenciosamente respondeu que a negociação seria em real e que neste caso o valor inicial seria cento e oitenta mil reais. SIM, a bagatela de cento e oitenta mil reais!!! Um pouco assustada perguntei se este valor era também para livros didáticos e ela me sugeriu enviar uma proposta.
A estas alturas já estava muito indignada... Respeito e admiro o trabalho do Britto, acho que ele atingiu o sucesso porque de fato é merecedor, mas aí querer cobrar cento e oitenta mil reais para publicar uma obra em livro didático é um abuso. O objetivo do material é associar educação básica com cultura. É incentivar as crianças a admirar o belo, é mostrar ao educador como é fácil inserir obras de arte, música (cultura) nas atividades do dia-a-dia escolar. Somente isso!
Britto e Rosa, tem traços diferentes e talvez admiradores distintos, mas o trabalho deste é tão belo quanto daquele e nem por isso, somos esfaquiados ao publicar uma obra do Rosa. Inclusive podemos dizer que as crianças que estudam com nossos livros saberão reconhecer Gustavo Rosa em galerias de arte, nas ruas ou simplesmente em chinelos caso um dia ele vá para este rumo mercadológico. Já Romero Britto, nossos pequenos só conhecerão quando tiverem noção do consumismo, quando começarem a ter uma visão menos singela do mundo. Nunca poderão dizer para os familiares que conhecem tal obra porque a professora trabalhou em sala de aula ou porque viram em livros didáticos.
Prefiro acreditar que Romero Britto não está acostumado a trabalhar com educação e por isso a galeria cobrou o valor mencionado acima e que isso talvez um dia mude. Esperaremos por mudanças e, continuaremos valorizando a arte brasileira, tão diversa, bela e acessível com as obras de  Gustavo Rosa, Tarsila do Amaral, Heitor dos Prazeres, Tao Sindulga, Ivan Cruz, entre tantos outros...
Nossos pequenos merecem qualidade na educação, mas também merecem respeito!"
Melissa Bueno do Nascimento

 Obra de arte: Gustavo Rosa

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